domingo, 14 de novembro de 2010

carta para a mágoa


Olá Sra. Mágoa. Sei que não nos falamos há um bom tempo. Saiba que tenho me sentido bem, pelo menos enquanto consegui te manter afastada. Por que você resolveu bater na minha porta hoje? Por que logo agora que eu estava me acostumando a viver sem você?

Liguei para os meus pais e a saudade apertou bem apertadinho o meu coração. Somou a saudade dos meus amigos e a saudade dos risos. O que você vê agora é apenas um esboço, pois no fundo você nunca verá os meus sentimentos e a realidade.
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Querida Mágoa, você é minha amiga antiga e sabe me ler. Sempre sabe o que eu penso e sinto, mesmo que eu oculte e negue até para mim mesma. Mas você sempre sabe. Sempre! Mas Mágoa, acredite: a saudade não foi o motivo da sua volta. O verdadeiro motivo foi essa minha constante fuga de mim mesma.
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Deixe que eu me explique melhor. Aquele telefonema só fez com que eu me lembrasse que não adianta fugir. Aqui, aí ou lá. Tudo vai ser sempre igual, sempre será insatisfatório. E daí eu me sentirei frustrada e irei para outro lugar. Sendo responsável por um ciclo vicioso. Sou assim: quando estou num lugar só vejo os defeitos, por mais que o meu ser seja amante e apreciador das qualidades, e quando eu vou embora lembro das qualidades e fico com saudade.
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Mágoa, eu cansei de fugir sem tentar. Digo: sem tentar de verdade, de verdade mesmo. Então, eu te manterei afastada até que consiga viver de verdade. Até que consiga achar quem eu sou.
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Grata pela atenção, Isis Dettweiler.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

esquecer por quê?


Fugir, esquecer, repensar, tentar, frustrar-me. Isso acontece sempre que penso em tudo que aconteceu. Apesar do álcool que circulava em minhas veias, as lembranças são claras, constantes. Quase vivas. Transformam-se em culpa e vergonha.
Lembro da tua boca. Nunca a desejei, tão pouco sonhei beijá-la. No entanto, lá estava eu. Beijando-a como se fossemos antigos amantes. Revolto-me em pensar quão fútil e superficial eu fui, traindo meus valores pelo momento. Arrependo-me, mas não muda o que aconteceu, não tira a minha culpa e nem a intensidade da minha tolice.

Mas nada muda. Nada me faz esquecer. Nada me faz perdoar a minha falta de sanidade. E as coisas continuam assim... eu quero que você esqueça, porque nunca te quis te verdade. E no fundo quem não consegue esquecer sou eu. Pois, não consigo me perdoar.