Eu gostaria
que você fosse embora e nunca mais voltasse. Gostaria que você batesse a porta
e me esquecesse, para que eu pudesse te esquecer também. Mas você sempre volta.
Volta e traz de volta tudo o que eu estava prestes a superar. Volta e cava um
buraco na ferida que estava cicatrizando. Três anos de idas e vindas. Três anos
e eu ainda não consigo te expulsar para sempre da minha vida e do meu coração.
Até parece que você é um câncer que se alimenta de mim, um câncer feito de mim.
Faço várias sessões de quimioterapia, te enfraqueço para que você volte mais
forte e me faça perceber que eu nunca vou conseguir me livrar definitivamente.
Não importa se
é apenas amizade com um amor sincero, ou uma amizade que esconde o meu amor
estranho. É um amor que me machuca e parece vital. O amor não deveria ser
assim, ele deveria ser puro. Nenhuma rosa deveria ter mais espinhos que
pétalas. Então por que precisamos sempre ficar nesse ciclo? Vai embora, fecha a
porta. Eu também posso ir embora, trancar a porta e jogar a chave fora, mas
você não pode pular a janela e vir atrás depois disso. Me deixa cicatrizar por
completo, me deixa ser inteira de novo, me deixa ser eu de novo, sem esse
pedaço de você que grudou em mim. Deixa de ser meu câncer, deixa que a
quimioterapia faça o seu papel e some daqui.
Eu quero ser
feliz! Feliz de verdade. Mas como eu posso ser feliz se tem tanta coisa bem
resolvida que ficou mal resolvida? Como eu posso seguir em frente depois de
tantos planos e risadas?
Ninguém
deveria sentir a felicidade plena para depois sentir o vazio profundo. Então
lembra, vai embora, fecha a porta e nunca mais volta. Faz isso diferente dessa
vez e me permita senão a felicidade, pelo menos a paz de espírito com feridas
cicatrizadas de verdade.
Por fim, deixo
uma frase retirada do livro O Cavaleiro Inexistente de Italo Calvino: “Se infeliz é o apaixonado que
invoca beijos cujo sabor não conhece, mil vezes mais infeliz é quem mal pôde
saboreá-los e a seguir tudo lhe foi negado.”.
Beijos, IsisD.